Ansiedade na reta final: como lidar com a pressão pré-vestibular
02/10/2025
(Foto: Reprodução) Equilíbrio entre rotina de estudos e descanso é essencial para chegar bem ao dia do exame
getty images
Cada vez mais, o número de crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade supera o de adultos. Entre os jovens, um fator em comum costuma aparecer: o vestibular. Com a proximidade das provas, é natural sentir ansiedade, mas quando o sentimento se intensifica pode prejudicar o desempenho e o bem-estar dos estudantes.
A pressão por resultados, as comparações com colegas e a sensação de “estar atrasado” nos estudos aumentam nesse período, abalando a confiança.
Para o professor de redação e diretor executivo do Instituto Castro, Antônio Lourenço, é fundamental que o aluno receba apoio emocional e profissional durante essa fase. Ele ressalta que a escola pode ser uma aliada importante nesse processo.
“Lidar com essa pressão envolve trocar a obsessão pelo ritmo perfeito pela busca de equilíbrio e constância, lembrando que progresso não é linear, mas acumulativo”, afirma.
Comparações que pesam
Segundo o professor, a comparação entre colegas é um dos maiores “ladrões de energia” na reta final do vestibular. Ele ressalta que não se trata de ignorar completamente o ambiente competitivo, mas de construir uma relação mais saudável consigo mesmo.
“Comparar-se constantemente com colegas ou padrões idealizados só alimenta a frustração. É mais saudável olhar para o próprio progresso, mesmo que pequeno”, comenta.
Antônio sugere que os estudantes substituam a comparação externa por uma análise pessoal do próprio desempenho:
“Em vez de medir o próprio valor pelo desempenho dos outros, o aluno deve se perguntar: ‘Onde eu estava há três meses? Onde estou agora?’ Essa visão de progresso pessoal é muito mais justa e motivadora”, explica.
Ele também recomenda cautela em relação a ambientes que estimulam a competitividade. Grupos de WhatsApp ou redes sociais, onde colegas compartilham horas de estudo e notas, podem se tornar nocivos para alguns estudantes.
Antônio Lourenço, professor de redação e diretor executivo do Instituto Castro
arquivo pessoal
O papel do sono no aprendizado
O sono é um dos pilares mais importantes — e também mais negligenciados — na preparação para o vestibular. Muitos estudantes sacrificam horas de descanso para estudar mais, comprometendo a memória e a saúde mental.
“O sono se relaciona diretamente com a ansiedade e aprendizado dos alunos, tendo em vista que durante o sono, especialmente nas fases REM e de sono profundo, o cérebro organiza e fixa as informações estudadas. Sem esse processo, o aluno pode ter a sensação de estudar muito e não lembrar de nada”, explica Lourenço.
Ele alerta que a privação de sono agrava a ansiedade, já que dormir mal aumenta a produção de cortisol (hormônio do estresse), deixando o estudante mais ansioso, irritado e pessimista.
“O ciclo é perigoso: ansiedade atrapalha o sono, e a falta de sono aumenta a ansiedade. Sendo assim, o sono insuficiente enfraquece o sistema imunológico e aumenta a chance de adoecer”, completa.
Para garantir um descanso de qualidade, a recomendação é manter horários fixos, evitar telas antes de dormir e priorizar a qualidade em vez da quantidade de estudo. Dormir bem, longe de ser perda de tempo, é parte ativa da preparação.
Técnicas de relaxamento
Na reta final, e especialmente no dia da prova, o desafio do estudante não é apenas lembrar o conteúdo, mas controlar a ansiedade. Antônio aponta práticas comprovadas que podem ajudar nesse momento.
Exercícios de respiração diafragmática, atenção plena e atividades físicas leves são recursos eficazes para aliviar a tensão. A visualização positiva também pode ser útil: imaginar-se chegando tranquilo ao local da prova e organizando o tempo mentalmente treina o cérebro para reduzir o medo.
Já no dia do exame, algumas medidas estratégicas fazem diferença: chegar cedo, optar por uma alimentação leve, utilizar respirações rápidas e fazer pausas conscientes a cada hora para manter a clareza mental.
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